Entre as coxias dos teatros cariocas e paulistas, durante dez anos consecutivos, Fernanda Montenegro acostumou-se a ser chamada de “musa sereníssima” pelo dramaturgo Nelson Rodrigues. Ele era duro, negava pedidos de Fernanda, mas, no fim, sempre cedia e a aplaudia de pé. Após despedir-se do também amigo nos anos 80, debutar numa indicação ao Oscar de Melhor Atriz, ganhar um Emmy Internacional em 2013, colecionar mais de 30 trabalhos entre séries, minisséries e novelas e apresentar mais de 70 espetáculos, Fernandona elege sua maior musa hoje: Fernanda Torres, sua filha.E aos que acham que é gentileza da parte da mãezona, ela deixa claro que é merecimento. “Sempre vivi num mundo realista, não faço parte da geração do ‘divismo’ do teatro. Então, minha musa hoje é minha filha. Sei que ela é uma pessoa de um talento comovente, compreende? Não é gentileza para ela, pelo contrário.”
Apesar da admiração por Nanda, Fernanda diz ‘evitar’ trabalhos consecutivos com os filhos. “A gente não trabalha junto sempre porque fica chato. A gente tem um compromisso ‘às vezes, a gente se encontra’. Agora, ela escreveu um roteiro e eu vou atuar”, diz Fernanda.
O filho, o cineasta Cláudio Torres, também desfruta da parceira com a mãe. “Sempre que pode ele também me coloca lá, mas não é sempre, porque senão mãe cansa (risos)”, brinca a atriz, que também assume ter Cláudio hoje como o “seu porto seguro”. “Não é porque ele é da minha carne, é porque admiro, é um talento vivo… Não tenho mais idade para buscar isso longe de mim.”