Chacina da fazenda Vilhena: Reportagem completa

Fazenda Vilhena. A propriedade rural situada na linha 95, Setor 8, Gleba Corumbiara, distante cerca 60 km do perímetro urbano foi palco da tragédia que deixou 5 pessoas mortas e uma ferida a bala.

chacina_vilhena_17outubro2015_capa_bigthumb722Sábado, 17 de outubro de 2015

No início da noite, a Central de Operações da Polícia Militar de Vilhena foi informada que na fazenda havia uma pessoa em estado de óbito e que provavelmente havia sido assassinada.

Minutos depois a Força Tática da PM em deslocamento à fazenda, manteve contato com o solicitante J.C., e as testemunhas, o casal C.C. da S.P., e J. da S. À polícia, as testemunhas disseram que por volta das 17h00 foram até a Fazenda Vilhena, mas quando chegaram próximo à entrada um homem armado gritou da varanda da casa: “Vai embora, já matamos um”, teria dito um dos assassinos. Assustado, o casal que estava em uma moto saiu do local.

Após depoimentos, os militares foram até o local do fato e se depararam com uma das casas da propriedade tomada pelo fogo. Na lateral do imóvel, foi localizado o corpo, que mais tarde foi identificado como Daniel Aciari, 67 anos. Ele era proprietário de um sítio próximo à fazenda e teria ido até o local apenas para conversar com amigos. Após ser executado Aciari teve o corpo parcialmente carbonizado.

Na varanda da residência, a polícia encontrou mais três corpos completamente carbonizados. Dois deles foram identificados como sendo João Pereira Sobrinho, 56 anos, e seu filho Dagner Lemes Pereira, 17 anos. Eles haviam sido contratados recentemente para trabalharem na fazenda. O terceiro corpo ainda não foi identificado pelo setor de investigação da Polícia Civil. Todas as vítimas foram mortas por disparos de arma de fogo. Para a polícia, os atiradores atearam fogo na casa após executarem as vítimas.

Reforço policial e buscas

Diante do cenário de uma chacina, a Força Tática solicitou junto ao 3° Batalhão da Polícia Militar e Polícia Civil o reforço. Várias viaturas e dezenas de policiais se dirigiram para a propriedade rural.

Por volta das 19h20 a polícia iniciou buscas no interior da mata e realizou uma completa varredura pela região. Minutos depois, Arivaldo Bezerra dos Santos, 55 anos, um dos caseiros da fazenda foi encontrado na mata com um ferimento a bala nas região das costas. Antes de ser socorrido, o sobrevivente disse que ele e mais 5 pessoas estavam na varanda da casa, quando um grupo, composto por 4 ou 5 homens chegou atirando. Ainda segundo Arivaldo, ele e seu amigo Ariovaldo, conseguiram correr em direção à mata e escapar dos atiradores. O sobrevivente foi trazido para o Hospital Regional de Vilhena e não corre risco de morte.

O outro sobrevivente do massacre, Ariovaldo Nunes da Silva, foi encontrado em seu sítio a poucos quilômetros do local da chacina. De acordo com a ocorrência policial, ele estava muito assustado e confirmou a versão dada pelo caseiro. Ariovaldo é sitiante na região e também estava na casa apenas conversando com os vizinhos.

Domingo, 18 de outubro

Em continuidade aos trabalhos de investigação, as polícias Civil e Militar realizaram novas diligências pela região do massacre. Por volta das 10h00 foi encontrado a cerca de 2 km da sede da fazenda, o corpo de José Bezerra dos Santos, 64 anos. Ele também era caseiro na fazenda, irmão do baleado Arivaldo Bezerra dos Santos e residia em uma das casas da propriedade.

A polícia acredita que José tenha sido o primeiro executado no massacre, mas ainda não se sabe se ele teria sido morto na casa e tido seu corpo levado e desovado na mata ou se foi perseguido e executado pelos atiradores.

Testemunhas do crime

Duas mulheres que não terão suas identidades divulgadas por este site, por motivos de segurança, disseram à polícia que faziam parte do grupo que invadiu a fazenda há aproximadamente 120 dias atrás. Segundo elas, após a reintegração de posse ocorrida na quinta-feira, 15 de outubro, alguns dos posseiros, incluindo elas, decidiram retornar à fazenda e ocupar umas das casas da propriedade.

As invasoras disseram que no dia anterior ao massacre, ouviram alguns homens planejarem a chacina. Ainda segundo depoimento de ambas, o plano seria para executar apenas os caseiros da fazenda, pois teriam sido eles a denunciarem a invasão de terras. Para elas, as vítimas Daniel Aciari, sitiante da região, João Pereira Sobrinho, Dagner Lemes Pereira, e a outra vítima que ainda aguarda identificação da polícia, foram mortas por estarem no local e na hora errada.

Investigação

A reportagem do Vilhena Notícias conversou neste domingo, com o delegado Regional Dr. Fábio Campos que está à frente do caso.

Ele disse que as investigações encontram-se em fase avançada, várias testemunhas já foram ouvidas e a polícia já possui os nomes dos envolvidos nas mortes. Na manhã desta segunda-feira, 19, Campos divulgou à imprensa o nome do homem apontado como o principal líder da chacina. Pedro Arrigo é irmão do atual secretário de educação, José Arrigo. O suspeito já possui processos na justiça por conflitos agrários na região do Cone Sul. Ele teve sua prisão decretada pela justiça e é procurado por toda a região.

Ele disse ainda que a 1° Delegacia da Polícia Civil de Vilhena solicitou apoio à Secretaria de Segurança Pública em Porto Velho, e a direção da Polícia Civil do interior do estado está auxiliando no caso. Campos fez questão de salientar que a o trabalho está sendo realizado em conjunto com a Polícia Militar.

Coletiva de imprensa

Na manhã desta segunda-feira, 19, o delegado Dr. Fábio Campos em companhia de seis policiais em posse de um mandado de busca e apreensão foram até a sede da Associação Canaã, mas o local estava fechado. O delegado acredita que documentos da associação possam ter sido subtraídos para prejudicar as investigações.

Já na tarde de hoje, Campos concedeu uma coletiva de imprensa. Para ele, os criminosos agiram com tanta brutalidade que podem ser considerados como terroristas. O delegado ainda disse, que as vítimas carbonizadas foram feridas, mas acabaram morrendo não pelos ferimentos a bala, mas sim pelo fogo que carbonizou seus corpos. Campos afirmou que a ação dos criminosos foi por vingança.

 

FONTE: VILHENA NOTÍCIAS

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