Organização nasceu em Colorado e se ramificou em Vilhena
Em entrevista coletiva concedida por volta do meio-dia de hoje, o delegado da Polícia Federal em Vilhena, Jonathan Klock, deu detalhes da ação simultânea de agentes da instituição que executaram 21 mandados de busca e apreensão e outros 11 de prisão em Vilhena e Colorado do Oeste. Das pessoas com prisão preventiva decretada por envolvimento em fraudes contra a Previdência Social, nove foram capturadas e duas estão foragidas.
O delegado explicou que as investigações sobre o golpe começaram há cinco meses, após denúncia feita pela Caixa Econômica Federal na cidade, onde o seguro-desemprego era sacado por laranjas dos falsários. Filmagens da agência local mostram várias retiradas de dinheiro.
De acordo com Klock, a organização criminosa cometeu erros grosseiros para lesar o INSS. Um deles foi registrar trabalhadores retroativamente em 2013, como empregados de firmas que só seriam criadas dois anos mais tarde. A PF tem indícios de que mais de dez empresas foram criadas para servir ao golpe.
Sobre as prisões efetuadas, o delegado disse que não poderia fornecer os nomes das pessoas capturadas. Também contou, ressalvando ainda não ter qualificado os suspeitos, que não há informação de pessoas de origem estrangeira entre os detidos, que serão ouvidos pela própria PF. A explicação foi dada após um questionamento do FOLHA DO SUL ON LINE, que recebeu informações não oficiais sobre a abordagem a um contador e um advogado que nasceram em outro país e hoje moram na cidade.
COISA DE FAMÍLIA
A atuação da quadrilha, conforme a PF, começou em Colorado do Oeste, onde centenas de trabalhadores foram aliciados para participar do esquema. O grupo seria comandado por três irmãos, que possuem residências em Vilhena e na cidade vizinha. Eles contavam com pessoas de confiança para dividir as tarefas entre o grupo.
COMO FUNCIONAVA
Para fazer jus ao benefício social, que só pode ser pedido por quem perdeu o emprego, a quadrilha adulterava dados (com a ajuda de contadores) e pagava as três parcelas da contribuição que dava direito de inscrever o “empregado” na Previdência. Houve casos, segundo a investigação, de pessoas serem demitidas no mesmo dia da contratação e, mesmo assim, receberem o seguro-desemprego.
QUANTO RENDIA
Segundo os cálculos dos investigadores, o valor pago para cada “desempregado” fabricado (cerca de 400 no total) pela quadrilha chegava a R$ 7 mil, sendo que pouco mais de 10% ficavam com o aliciado. Também havia pessoas, além da cúpula da organização, encarregadas de atrair trabalhadores para a fraude.
TODOS OS CRIMES
Os mentores da organização devem responder por uma série de crimes, entre eles estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e até ameaças. Isto porque eles acenavam com retaliações violentas contra quem dificultava a entrega do dinheiro após os saques. Mesmo reconhecendo que a maioria dos aliciados agiu por necessidade financeira, o delegado diz que eles também podem ser processados.
É SÓ O COMEÇO
A finalizar a entrevista, Jonathan Klock disse que grupos como esse do Cone Sul podem estar agindo em outras cidades de Rondônia. E avisou: o trabalho está apenas começando e ainda pode levar mais gente para a cadeia.
Fonte: Folha do Sul