O Presidente Michel Temer fez na noite deste sábado (24), véspera de Natal, um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão no qual afirmou que 2017 será o ano em que o país derrotará a crise e recuperará os empregos perdidos.
Ele pregou a “democracia da eficiência”, disse que o desafio à frente do governo é “desburocratizar o Estado” e afirmou que o brasileiro paga muito imposto e recebe pouco em troca (leia a íntegra da fala do presidente ao final desta reportagem).
Este é o segundo pronunciamento de Temer em rede nacional de rádio e TV desde que ele chegou ao Palácio do Planalto. O primeiro foi exibido em 31 de agosto, sete horas após o Congresso Nacional aprovar o impeachment de Dilma Rousseff e ele, à época presidente em exercício, assumir efetivamente a Presidência da República.
“Tenho a perfeita consciência dos problemas do país e da missão que me foi dada. Os brasileiros pagam muitos impostos e pouco recebem em troca. Meu desafio é desburocratizar o Estado e melhorar a qualidade da administração pública. É o que eu chamo de democracia da eficiência”, afirmou o presidente.
A fala de Temer neste sábado durou pouco menos de quatro minutos. Na mensagem de Natal, o presidente também destacou a emenda constitucional que estabelece um limite para os gastos públicos pelos próximos 20 anos, aprovada pelo Congresso, e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece uma reforma na Previdência Social, em análise na Câmara.
Balanço de 2016 e projeção para 2017
Ao fazer uma avaliação sobre 2016, Temer disse que este ano trouxe “imensos desafios” e, por isso, ele tem trabalhado “dia e noite” para fazer as reformas necessárias para o país sair da crise e voltar a crescer.
“2017 será o ano que derrotaremos a crise. Os juros estão caindo e cairão ainda mais. Os empresários voltarão a investir e vamos recuperar os empregos perdidos. Precisamos crescer. Trabalhamos para voltar a crescer. Vamos crescer! Desta vez, um crescimento sustentável e responsável”, acrescentou.
Propostas do governo
Temer também aproveitou o pronunciamento de Natal para destacar propostas do governo enviadas ao Congresso Nacional, principalmente na área econômica.
O presidente destacou, por exemplo, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, enviada no primeiro semestre, que impõe um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos. A regra aprovada estabelece que as despesas da União (Executivo Legislativo e Judiciário) só poderão crescer pelas próximas duas décadas conforme a inflação do ano anterior.
Ao se dirigir à nação, Temer também falou sobre a PEC enviada neste mês que estabelece um reforma na Previdência Social, “para que sua sagrada aposentadoria esteja garantida agora e no futuro”. O texto estabelece, entre outros pontos, idade mínima de 65 anos para homens e mulheres poderem se aposentar.
Em outro trecho, Michel Temer ainda mencionou a medida provisória, já aprovada na Câmara e remetida ao Senado, que reforma o ensino médio. A MP foi considerada inconstitucional pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e criticada por ex-ministros da Educação e por especialistas, embora o governo diga que “valeu a pena” instituir a reforma utilizando esse mecanismo.
Íntegra
Leia abaixo a íntegra do pronunciamento do presidente Michel Temer:
Boa noite!
Nesta noite de Natal, dirijo-me a você e a todo povo brasileiro para transmitir mensagem de renovada esperança.
O ano que está terminando trouxe imensos desafios.
Assumi definitivamente a Presidência da República há pouco mais de cem dias.
Tenho trabalhado dia e noite para fazer as reformas necessárias para que o país saia dessa crise e volte a crescer.
O Brasil tem pressa. E eu também.
Nesses poucos meses do nosso governo, muito já foi feito. Com os esforços que fizemos, a inflação caiu e voltou a ficar dentro da meta, o que vai colocar um freio na carestia que você sente no supermercado.
Aprovamos a lei que bota ordem nos gastos públicos pelos próximos 20 anos. E a lei que moraliza e dá transparência à administração das estatais.
Estamos começando a reforma da Previdência, para que sua sagrada aposentadoria esteja garantida agora e no futuro.
Aprovamos, na Câmara, a reforma do Ensino Médio, que estava parada havia anos.
Ampliamos em mais de 8 bilhões de reais o orçamento da saúde, área para qual não pouparei recursos.
Mudamos a Constituição para mudar o Brasil.
Tudo isso, volto a lembrar, em poucos meses.
Tenho a perfeita consciência dos problemas do país e da missão que me foi dada.
Os brasileiros pagam muitos impostos e pouco recebem em troca. Meu desafio é desburocratizar o Estado e melhorar a qualidade da administração pública. É o que eu chamo de democracia da eficiência.
2017 será o ano que derrotaremos a crise. Os juros estão caindo e cairão ainda mais. Os empresários voltarão a investir e vamos recuperar os empregos perdidos.
Precisamos crescer. Trabalhamos para voltar a crescer. Vamos crescer! Desta vez, um crescimento sustentável e responsável.
Estamos mudando as estruturas do nosso país. É um desafio complexo e árduo, mas indispensável a ser vencido a todos nós.
Que nos deixemos, portanto, guiar pelas virtudes da temperança e da solidariedade. E pelo entendimento de que na humildade do diálogo e na coragem da ação construiremos juntos o caminho para fazer o futuro.
A verdade virá. O Brasil, repito, está no caminho certo. O próximo Natal será bem melhor que este.
Quero encerrar essa minha mensagem prestando homenagem a um grande brasileiro que nos deixou recentemente: o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. A esperança foi seu lema, a coragem sua marca.
Coragem e sentimento de esperança não me faltarão.
Chegaremos em 2018 preparados e fortes para avançar ainda mais.
Peço a você que acredite no Brasil.
Desejo um Feliz Natal.
Que seu gesto de amizade e de fraternidade nesta noite se estenda por todo o Ano Novo.
Vamos juntos reconstruir o nosso país.
Muito obrigado a todos. Boa noite, Brasil!
Com informações do G1